E Che Guevara foi morto por aqueles porcos sujos que não mereciam seu último olhar!
Bolo de chocolate
Os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua, desde 1948. Eles perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade. Tudo. Gaza está sendo castigada. Converteu-se em uma ratoeira sem saída, desde que Hamas ganhou limpamente as eleições de 2006. A democracia é um luxo que nem todos merecem.
A pouca Palestina que sobra, passo a passo, Israel a está apagando do mapa.
Dona Martina tem nas mãos o jornal do dia. Enquanto a neta, à sua volta, pede para recortar uma revista colorida que está ao lado, ela reponde que lhe dará outra. Aquela revista antiga ela lê e lê de novo e de novo:
“Che Guevara olhou para cima enquanto um oficial boliviano, agachado a pouco mais de um metro, fez aquela que seria sua última foto vivo. Estava sentado no chão de terra, as costas apoiadas na parede de barro. Um sargento chamado Mário Terán Salazar entrou com um fuzil de repetição M-2. Che se pôs de pé. Os dois se olharam e Terán disparou uma rajada de oito tiros. O seu corpo bateu na parede e desabou no chão. Era o fim de uma história, ou começo dela. Os soldados tiram fotos do corpo inerte.
Já no hospital, onde o corpo fora lavado e arrumado, começou a discussão, a portas fechadas, sobre as consequências de um funeral. Enquanto deliberavam, a ordem seca veio do Comandante das Forças Armadas. Queime-o! Mas faltava a perícia. Outra ordem vinda de La Paz determinava: guarde as mãos e a cabeça e queime o resto. Agentes da Cia desaconselharam a decapitação, e a queima. Traga as mãos foi a ordem dada por final. Martinez Casso amputou cirurgicamente as duas mãos de Guevara, que só vieram a se juntar ao corpo 30 anos mais tarde.
Dona Martina chora de novo.
― A Palestina está vivendo o que já vivemos na América.
― O que você disse vó?
― Nada, minha querida. Estou falando com os meus botões.
Seca as lágrimas com a ponta dos dedos. Uma raio de sol brilhante entra pela janela e ilumina seu rosto molhado, que ela tenta esconder da garota. Valentina lhe mostra os recortes da revista e, com sua pequena mãozinha, ajuda a secar a sua face.
― Vó, vamos guardar as revistas e comer bolo de chocolate?
Bolo de chocolate
Os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua, desde 1948. Eles perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade. Tudo. Gaza está sendo castigada. Converteu-se em uma ratoeira sem saída, desde que Hamas ganhou limpamente as eleições de 2006. A democracia é um luxo que nem todos merecem.
A pouca Palestina que sobra, passo a passo, Israel a está apagando do mapa.
Dona Martina tem nas mãos o jornal do dia. Enquanto a neta, à sua volta, pede para recortar uma revista colorida que está ao lado, ela reponde que lhe dará outra. Aquela revista antiga ela lê e lê de novo e de novo:
“Che Guevara olhou para cima enquanto um oficial boliviano, agachado a pouco mais de um metro, fez aquela que seria sua última foto vivo. Estava sentado no chão de terra, as costas apoiadas na parede de barro. Um sargento chamado Mário Terán Salazar entrou com um fuzil de repetição M-2. Che se pôs de pé. Os dois se olharam e Terán disparou uma rajada de oito tiros. O seu corpo bateu na parede e desabou no chão. Era o fim de uma história, ou começo dela. Os soldados tiram fotos do corpo inerte.
Já no hospital, onde o corpo fora lavado e arrumado, começou a discussão, a portas fechadas, sobre as consequências de um funeral. Enquanto deliberavam, a ordem seca veio do Comandante das Forças Armadas. Queime-o! Mas faltava a perícia. Outra ordem vinda de La Paz determinava: guarde as mãos e a cabeça e queime o resto. Agentes da Cia desaconselharam a decapitação, e a queima. Traga as mãos foi a ordem dada por final. Martinez Casso amputou cirurgicamente as duas mãos de Guevara, que só vieram a se juntar ao corpo 30 anos mais tarde.
Dona Martina chora de novo.
― A Palestina está vivendo o que já vivemos na América.
― O que você disse vó?
― Nada, minha querida. Estou falando com os meus botões.
Seca as lágrimas com a ponta dos dedos. Uma raio de sol brilhante entra pela janela e ilumina seu rosto molhado, que ela tenta esconder da garota. Valentina lhe mostra os recortes da revista e, com sua pequena mãozinha, ajuda a secar a sua face.
― Vó, vamos guardar as revistas e comer bolo de chocolate?
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