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Mostrando postagens de abril, 2011

Ela será rainha

Só se fala disso. Ele é lindo, viril, alto, guerreiro, faz trabalho social, pilota helicóptero e é empregado do exército. Um excelente moço. Bom partido. Além disso, é o príncipe e, certamente, se tornará rei da Inglaterra. Do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, com sua riqueza, com sua pompa. Com uma nobreza inquestionável, como também o é a fortuna que amealhou extraída das suas colônias, do pobre Portugal e do nosso Brasil. A rainha, do alto dos seus 85 anos, reina plena e autoritária. Ainda que renuncie, em favor do filho ou do neto, quem manda é ela. O Príncipe Phillip, seu marido, anda um passo atrás dela. Seus descendentes não serão reis enquanto ela viver. Quem decide sobre os desígnios do reino é ela. Mas o neto poderá receber a bastilha e, por extensão, a bela moça. Kate será rainha. O sonho das tantas inglesas que se matricularam no colégio St. Andrews, na Escócia, onde o príncipe se matriculara no início do ano letivo, é del

João e o Ovo

João e o ovo João apanhou o ovo com a mão esquerda e, como não decidira o que faria com ele - nem mesmo pensara sobre as escolhas - colocou-o no bolso do casaco grosso, forrado de pelúcia. O vento nordeste, responsável pela sandice dos tantos loucos que vivem na cidade, chegara antes e soprava furioso, solapando o minuano dono da casa. As folhas amareladas dos plátanos esmoreceram, pois o outono se fora. O jardim estava cheio delas que, apodrecidas, cobriam a grama e as calçadas. A ventania assobiava na parede da montanha, embalado pela imensidão oceânica que fica logo ali. Mas a natureza teimosa continua a gerar vida e a prosseguir seus ciclos. A galinha cantarola anunciando que mais um de seus ovos está disponível para alimentar o faminto ou para a perpetuação da espécie. A escolha é do homem que, por necessidade ou preferência, quebra-o para o pudim ou empurra-o para baixo da galinha choca e espera a natureza fazer o resto. Acabara o almoço. As mulheres comiam b

Casamento Perigoso

Eu sempre comparo o que acontece por aí com o que acontece na minha casa. Até porque estudei que o primeiro núcleo organizado que experimentamos é a familia. E é onde aprendemos a conviver com os diferentes, com os doentes e a cuidá-los, aprendemos a respeitar hierarquias. A amar incondicionalmente apesar de muitas brigas. Aprendemos a compartilhar. Quantas vezes só temos uma barra de chocolate para todos comerem? Muitas vezes amargamos uma empregada doméstica que não limpa nada como gostaríamos, que mancha nossas melhores camisetas, mas a mantemos porque nossos filhos são bem cuidados por ela. Tantas vezes aguentamos a vizinha de cima dançando salsa com sapatos de salto, e o tatauado do apartamento do lado aprendendo a tocar baixo, porque neste condomínio tem jardim e espaços para as crianças brincarem. Ou fica bem localizado, perto do que precisamos enquanto cidadãos que trabalhamos, criamos crianças, cuidamos dos velhos, estudamos, nos divertimos, fazemos política,

Eu tenho intolerância à Lactose

Faz dois anos que tenho indisposição estomacal, indisposição geral, dor de estômago, sensação de estômago estufado, cólicas e inchaço nas pernas. Sono irregular, cansaço e sensação de  ter tomado porre. Diversas vezes relatei aos meus médicos este estado de indisposição. Fiz diversos exames e nunca se achava nada. Até que uma médica que me atende disse: Isso pode ser Intolerância à lactose. Experimente ficar sem tomar leite e derivados por uma semana. Eu fiquei dois dias sem tomar leite, principalmente queijo. Murchei! Aliviou meu estômago, meus intestinos, gazes, inchaço das pernas. Sumiu tudo. Nem acredito que não sinto mais nada. Mas se eu comer uma pequena fatia de queijo, as cólicas se manifestam na hora. O queijo tem uma concentração de lactose maior que o leite. Requeijão também tem muita lactose. É inacreditável que alguém que come leite em todos os pratos, em todas as refeições; que ama leite em tudo, tenha de viver sem uma gota de leite em sua dieta!E, mais i

As irmãs, os irmãos

As irmãs e os irmãos são aquelas pessoas que nascem na mesma casa que nós, que conhecem nossos vizinhos, que vivem com nossas avós, tias, primos e primas. Ajudam a cuidar do mesmo cachorro. Tomam o mesmo suco. Às vezes dividido para que todos possam tomar um pouco. Dividem a mesma cama em muitas ocasiões. Disputam o lugar no assento na sala ou no carro. Dividem o pacote de bolachas. Acompanham as brigas dos pais, as festas da família. Conhecem o zoológico no mesmo dia que nós. Descobrem conosco os segredos dos parentes e, às vezes, compartilham desses segredos.  Isto tudo nos torna tão íntimos e imprescindíveis uns para os outros. É muito bom compartilhar lembranças, contar e recontar as aventuras e as histórias vividas. Só eles, ou elas – os irmãos e as irmãs – são testemunhas destes acontecimentos. Somente eles são capazes de entender o valor desse passado em nossas vidas, pois que deles fizeram parte. A medida que envelhecemos estes testemunhos s

O Epilogo

Epílogo                      A casa cor de rosa, com luzes que volteiam suas curvas antigas, dá uma sensação de feminino sagrado, de respeito pelo ventre, pelo seio. Construída no alto da cidade, acompanhada pela sacralidade da Catedral Metropolitana   que lhe faz companhia desde sempre; protegida pelos belos seguranças de olhos verdes, e ternos pretos impecáveis, com braços longos e olhar atento que permanecem postados- quase estátuas- na casa da frente;   está iluminada para lembrar que as fêmeas não devem morrer de câncer de mama. Saiu nos jornais, na televisão: o palácio do governo está iluminado de cor de rosa para reverenciar as mulheres e sua saúde feminina. Acreditamos que esta casa, que nunca fora comandada por uma mulher, estaria hoje atenta às causas femininas e suas circunstâncias. Não demorou muito para descobrirmos que desta mesma casa uma   senhora, sua ilustre comandante,   estaria autorizando a que seus homens fortes, de pesado

Cadê todo mundo?

Cadê todo mundo? É assim que a Valentina, minha neta de dois anos e meio, pergunta quando chega em casa e a sala não está repleta de sua família. Eu me divirto com sua beleza infantil, mas sempre lamento quando ela chega e os pais e os tios ainda não estão sentados a esperá-la. Hoje tive a sensação idêntica: quando cheguei a Osório, encontrei a Câmara de Vereadores   lotada. Tinha gente de Tavares a Torres, passando por Terra de Areia, Tramandaí, Imbé, Capão da Canoa... sei lá, tinha gente de todo lado. Mas a galera de Osório não estava lá. Tinha muitos osorienses, interessados em trazer as suas demandas para encaminhá-las ao governo estadual, para que nos próximos quatro anos sejam feitas ações que contemplem os anseios dos   “litoralnortenses” – perdão pelo neologismo.   Estavam presentes o Prefeito de Osório, prefeitos e vice prefeitos dos diversos municípios da região, secretários, representantes dos quilombolas, das mulheres, da juventude, dos