Duas
avós
Me
contaram hoje que existem dois tipos de avós. E outros misturados nestes dois.
Um que é aquela avozinha, que fala baixo, escuta pouco e está sempre com um
novelo e uma agulha de tricô no colo. Abre a porta meio agachada porque o novelo está
preso entre os peitões e a barriga. Abraço o neto e o amassa contra sua
envergadura macia e fofa. Beija o filho ou a filha – pais no neto (ou da neta)
. Escuta as ordens deste ou desta e, sem contestar, obedece (desde que a ordem
seja para fazer o neto feliz). Se não for muito do agrado do neto, ela boicota
umas tantas vezes. Em segredo.
Não
pergunta que tipo de educação está sendo oferecida na escola para a criança. Nem
pergunta o que farão nas férias. Se eles quiserem dizer que o façam. Ela é que não
vai perguntar.
Se
precisar levar a criança ao médico, o fará de taxi. Não uber tampouco cabyfy.
Paga com dinheiro. Compra e paga tudo com dinheiro e à vista. Não dirige automóvel, nem bicicleta. Faz pão
de casa e macarrão caseiros quando os queridinhos vêm para sua casa. Descasca a
laranja e as corta em pedacinhos para os pequenos comerem. E os grandes também!
Leva
as crianças na missa, sempre que pode, e ensina-os a rezar. Costura suas roupas, faz roupas novas que
eles adoram. Inventa bonecas de pano e
cantorias para eles se divertirem. Usa chinelos macios e sapatos feios, confortáveis
para andar na rua. Ensina receitas, escritas num caderninho, para que as noras
façam comidas saudáveis aos pequenos.
A
outra avó, é aquela que fala alto, pergunta a marca do carro novo do genro e dá
palpites sobre o mesmo. Sugere outros marcas
e modelos. Abraça os netos na porta da
entrada e abre a porta para que todos entrem. Seu perfume é sentido quando a
visita está na escadaria. Usa joias e penduricos
de toda ordem. Cabelos coloridos e com corte moderno. Sapatos de salto até para
andar em casa.
Questiona
a técnica educacional dos netos e dá palpites. Afinal ela conhece este assunto
como ninguém. Leva as crianças – de carro
– ao shopping, para almoçar, para irem ao cinema, ou para gastarem seu cartão
de crédito.
Fala
outras línguas com eles. E os aconselha a que aprendam diversos idiomas para
que possam andar pelo mundo com desenvoltura.
Passeia
com o namorado e os netos em alegre bando.
Dá
pitacos sobre as roupas das filhas e noras. Odeia roupas sem cor. Preto então,
nem pensar. Só para as grandes noites. Lê para os netos e coleciona livros de
todos os assuntos. Viaja de três em três meses. E conta suas experiências das
viagens aos netos que a ouvem de olhos esbugalhados. Dispõe suas joias e
maquiagens com o que as meninas são encantadas.
Mas, independentemente
do perfil de cada uma, o amor incondicional aos netos e netas é o ponto alto
das suas vidas. E, sempre que possível, inventam uma desculpa para estarem
agarradas a estes seus pequenos grandes amores.
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