O vento sopra pontual, como o fez em todos os novembros de que me lembro. Assovia. Sacode tudo. Levanta poeira, desalinha os meus cabelos.É o vento de finados, dizem uns. Mas o dia de finados já se foi, e ele continua aqui, dizendo que é mais duradouro que aquele dia, mais resistente que eu. Sim, porque, eu que logo ficarei mais velha, estou cada dia menos duradoura. Logo farei 61 anos. Quantos mais farei? Não há como não pensar. Sempre pode ser o último. O último encontro com as irmãs, com as sobrinhas, com os filhos. Com as amigas queridas de toda a vida. Mas no ano seguinte a teimosia vence e cá estamos de novo comemorando mais um aniversáro de nascimento. Ou não. Mas o vento, ah o vento, ele com certeza estará aqui garboso e presente, desmanchando os penteados, varrendo os sacos de plástico que os irresponsáveis jogam no gramado. Cantamos parabéns, tomamos chá, contamos nossas histórias. Encontro de velhas é assim: lembrarnças e lembranças. Minhas irmãs sempre se emocionam, afinal sou a mais velha delas,e pela trajetória natural serei a primeira a mudar de andar. Minhas sobrinhas, juntamente com minha filha não percebem que ficamos velhos. Para elas esta realidade está distante e somos sempre jovens, fortes, novas. Os filhos não percebem esta decadência, porque como disse Carlos Drumond de Andrade, mãe não morre. Mãe só faz aniversário. Apesar do vento de finados.
Um trabalho literário As oficinas Mãos à Obra Literária são um projeto individual - ou quase, já que algumas parceiras abraçaram a ideia, como minha filha Marla que me apoia auxiliando com seus textos e com seus conhecimentos para que as oficinas aconteçam todos os anos e que tenhamos um bom livro publicado ao final. O projeto nasceu da minha vontade solitária de chamar mais pessoas para o universo encantador do livro. Propus uma Oficina de Criação Literárira através da APCEF, onde eu atuava no cargo de Diretora Cultural. Foi uma surpresa maravilhosa receber os diversos colegas da Caixa que desejavam escrever ou melhorar sua escrita criativa. De lá para cá, não parei mais. A cada ano começa um novo projeto que consiste em pensar uma categoria de escrita criativa que será oferecida a quem desejar escrever, contratar um escritor/professor para ministrar a Oficina. Procurar um local parceiro onde possa se realizar as aulas. Buscar um patrocinador. Chamar as pessoas para iniciarem seu...
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