O vento sopra pontual, como o fez em todos os novembros de que me lembro. Assovia. Sacode tudo. Levanta poeira, desalinha os meus cabelos.É o vento de finados, dizem uns. Mas o dia de finados já se foi, e ele continua aqui, dizendo que é mais duradouro que aquele dia, mais resistente que eu. Sim, porque, eu que logo ficarei mais velha, estou cada dia menos duradoura. Logo farei 61 anos. Quantos mais farei? Não há como não pensar. Sempre pode ser o último. O último encontro com as irmãs, com as sobrinhas, com os filhos. Com as amigas queridas de toda a vida. Mas no ano seguinte a teimosia vence e cá estamos de novo comemorando mais um aniversáro de nascimento. Ou não. Mas o vento, ah o vento, ele com certeza estará aqui garboso e presente, desmanchando os penteados, varrendo os sacos de plástico que os irresponsáveis jogam no gramado. Cantamos parabéns, tomamos chá, contamos nossas histórias. Encontro de velhas é assim: lembrarnças e lembranças. Minhas irmãs sempre se emocionam, afinal sou a mais velha delas,e pela trajetória natural serei a primeira a mudar de andar. Minhas sobrinhas, juntamente com minha filha não percebem que ficamos velhos. Para elas esta realidade está distante e somos sempre jovens, fortes, novas. Os filhos não percebem esta decadência, porque como disse Carlos Drumond de Andrade, mãe não morre. Mãe só faz aniversário. Apesar do vento de finados.
19/12/, ULTIMO MES DA DA TRISTE ERA BOLSONÁRICA 2021. O último sábado que antecede ao Natal traz consigo lembranças, saudades, choros, angústias, medos. Tudo aquilo com o que o ser humano vai se deparando com o passar do tempo. Chovia forte. Escureceu no meio do dia. A janela que ora dispomos em nossa sala, me levou a uma pagina de lembranças de Osório. Fotos antigas, comentários, presença de amigos e amigas queridas há muito distantes. Não demoru muito para iniciarmos um encontro virtual e darmos o primeiro passo rumo a um projeto maior de lembranças, recordações, causos e mentiras. O Seco disse que nada pode ser sério. Que precisamos rir e contar o que se passou conosco. Sei lá se poderemos. Afinal, tem aquelas coisas que "nem às paredes confesso"! Faltou dia para terminar os presentes de Natal. Até porque à noite, havia o show do ano: Caetano lindo Veloso, cantando para o Natal. Buenas noches!
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