O vento sopra pontual, como o fez em todos os novembros de que me lembro. Assovia. Sacode tudo. Levanta poeira, desalinha os meus cabelos.É o vento de finados, dizem uns. Mas o dia de finados já se foi, e ele continua aqui, dizendo que é mais duradouro que aquele dia, mais resistente que eu. Sim, porque, eu que logo ficarei mais velha, estou cada dia menos duradoura. Logo farei 61 anos. Quantos mais farei? Não há como não pensar. Sempre pode ser o último. O último encontro com as irmãs, com as sobrinhas, com os filhos. Com as amigas queridas de toda a vida. Mas no ano seguinte a teimosia vence e cá estamos de novo comemorando mais um aniversáro de nascimento. Ou não. Mas o vento, ah o vento, ele com certeza estará aqui garboso e presente, desmanchando os penteados, varrendo os sacos de plástico que os irresponsáveis jogam no gramado. Cantamos parabéns, tomamos chá, contamos nossas histórias. Encontro de velhas é assim: lembrarnças e lembranças. Minhas irmãs sempre se emocionam, afinal sou a mais velha delas,e pela trajetória natural serei a primeira a mudar de andar. Minhas sobrinhas, juntamente com minha filha não percebem que ficamos velhos. Para elas esta realidade está distante e somos sempre jovens, fortes, novas. Os filhos não percebem esta decadência, porque como disse Carlos Drumond de Andrade, mãe não morre. Mãe só faz aniversário. Apesar do vento de finados.
Encontro com as "moças do pensionato"! Hoje, 04 de abril de 2023 - sexta feira santa será dia 07. Quando a vida se esvai entre nossos dedos - e ela se esvai sempre - eu luto para fechar a mão, de forma a que ela não escorra. Encontros, grupos. Grupos para fazer coisas, é a minha ferramenta. Todo grupo de fazer coisas eu "to dentro"! Agora me convidaram para um grupo do reencontro das "Mocas do Pensionato". Fizemos um grupo no whats app para combinarmos e chamarmos as que ainda não nos descobriiram, ou as que não encontramos. Está muito divertido contar histórias, lembrar amores e doces de ambrosia, comidos de colher no vidro que a mãe mandava de casa. Encontros sempre nos trazem graças e recordações que ficaram lá, perdidas no tempo. Era um pensionaro de freiras, construido na última rua da cidade que dividia Osório com o BR 101, que margeia a cidade e a separa da linda montanha da Serra do Mar. Era o lugar onde a cidade terminava. Lá se hospedavam as g...
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