O Brasil só fala disso. Os homens podem casar-se com homens e as mulheres poderão casar com mulheres. Agora tem lei que protege esta escolha. Esta é uma daquelas leis esperadas por tantos e odiada por outros. Há os que acham que a família irá se estinguir. Não haverá mais casamentos com as moças vestidas de branco, com véus de caudas longas, e com suas mães e tias exibindo seus vestidos longos cheios de pedras preciosas, com seus pescoços adornados por pérolas legítimas. Anéis de brilhante, enormes. Sedas esvoaçantes. Cabelos penteados pelos melhores coifeurs da cidade. Às vezes vindo da Europa, com suas novidades para que as madames brilhassem mais que as nativas. Cada sogra deveria estar mais linda que a outra. Cada tia deveria brilhar mais que as da outra família.
Os enxovais denotavam o poder de cada moça, que bordava enormes lençóis com linhas de seda, desvelando seus dons. Muitos panos de prato bordados e crochetados com dedicação. Uma viagem da lua de mel, normalmente em lugares paradisíacos, cuja conta levava anos para ser saldada. Nada mais acontecerá? Nem as casas grandes, lindas para os pombinhos morar? O mundo de fantasia para aqueles que, na maioria das vezes, não ficavam juntos o tempo suficiente para desempacotar todas as toalhas.Não, nada mais. Embora separassem logo, com brigas, vinganças, às vezes até morte. Mas assim a sociedade atendia aos preceitos da igreja, e da moda. Ou, estes permaneciam casados com suas princesas mas dormiam, às escondidas, com o seu irmão mais novo. Ou com o motorista da família. Nem os reis se escaparam desta maldição: ter de casar com uma mulher quando queria estar nos braços do criado, do primo ou do cunhado.
Agora não será mais assim. Agora eles podem se jogar nos braços dos seus amados, beijarem seus lábios e jurarem amor eterno, sem que por isso sejam castrados, ou enforcados. As mulheres também poderão desfrutar do acalanto e amoroso abraço feminino, na alcova e na viagem de navio sem que por isso sejam jogados ao mar. Não serão queimadas vivas. Poderão se amar e compartilhar um lar amoroso, adotarem crianças e terem orgulho de sua família. Talvez durem mais os romances, sem a mentira do casamento hetorosexual obrigatório, que tem de acontecer para que a moça não vire solteirona, bruxa ou amaldiçoada pelas tias velhas, e que terá de ser com um homem porque assim manda a santa madre igreja. Possivelmente as pessoas sejam mais felizes porque escolherão o seu par com o coração e não com os olhos do preconceito.
Casem-se, homens e mulheres, com quem quiserem. Sejam felizes e cuidadores. Sejam verdadeiros também. Amem-se mutuamente. É só disso que precisamos.
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