Eu sempre comparo o que acontece por aí com o que acontece na minha casa. Até porque estudei que o primeiro núcleo organizado que experimentamos é a familia. E é onde aprendemos a conviver com os diferentes, com os doentes e a cuidá-los, aprendemos a respeitar hierarquias. A amar incondicionalmente apesar de muitas brigas. Aprendemos a compartilhar. Quantas vezes só temos uma barra de chocolate para todos comerem? Muitas vezes amargamos uma empregada doméstica que não limpa nada como gostaríamos, que mancha nossas melhores camisetas, mas a mantemos porque nossos filhos são bem cuidados por ela.
Tantas vezes aguentamos a vizinha de cima dançando salsa com sapatos de salto, e o tatauado do apartamento do lado aprendendo a tocar baixo, porque neste condomínio tem jardim e espaços para as crianças brincarem. Ou fica bem localizado, perto do que precisamos enquanto cidadãos que trabalhamos, criamos crianças, cuidamos dos velhos, estudamos, nos divertimos, fazemos política, e ainda fizemos algum trabalhinho social. Em nome do tudo isto temos de morar por aqui mesmo.
Acho que é assim que se sentem tanto PT como PMDB hoje. Não sejamos hipócritas de achar que o PMDB, principalmente o do Rio Grande do Sul está feliz pela coligação nacional com o PT. Também é fato que o PT de todo o Brasil - especialmente o do velho Rio Grande também não sairá de beijinhos neste casamento de interesses. Eu mesma, sinto um certo constrangimento, afinal foi tanta roupa suja lavada na TV, nos jornais, nas assembleias - porisso devemos sempre manter a compostura - E agora estamos juntos, no mesmo palanque.
Mas a causa é nobre, e aí que lembro da minha casa. Das tantas vezes em que o bem maior tinha de ser considerado, empurrando as picuinhas para o lado. Defendo arduamente que o programa de governo precisa ser continuado. A economia vai bem. Nossa respeitabilidade externa vai bem O acréscimo nas rendas mais baixas ou inexistentes estão em níveis que em nehum lugar do mundo já esteve. A administração do Pré-sal precisa ser feita com mãos muito responsáveis, com aquela justeza que mãe costuma dividir o chocolate entre os filhos. Pode ser até que um ganhe um pedacinho maior, mas é porque ele é anêmico e não come direito.
Assim deve ser cuidado o retorno do pré-sal, bem como todos os nossos bens públicos, como bancos públicos, empresas públicas, e todo o patrimônio que é de todos e para todos. É preciso continuar os programas culturais , que nunca foram pensados em governos anteriores. A cultura alegra, dá autoestima, dá cidadania a quem dela aproveita, e a quem nela se insere. Dá emprego e gera renda. É a velha mãe espichando o orçamento para levar a criançada ao teatro.
Eu espero que as comadres tenham fidalguia e civilidade suficientes para tirarem o olho do seus umbigos e olharem a grande prole que aí está carente de todos os cuidados, afagos e empurrões para que sigam em frente
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