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Cadê todo mundo?

Cadê todo mundo?
É assim que a Valentina, minha neta de dois anos e meio, pergunta quando chega em casa e a sala não está repleta de sua família.
Eu me divirto com sua beleza infantil, mas sempre lamento quando ela chega e os pais e os tios ainda não estão sentados a esperá-la.
Hoje tive a sensação idêntica: quando cheguei a Osório, encontrei a Câmara de Vereadores  lotada. Tinha gente de Tavares a Torres, passando por Terra de Areia, Tramandaí, Imbé, Capão da Canoa... sei lá, tinha gente de todo lado. Mas a galera de Osório não estava lá.
Tinha muitos osorienses, interessados em trazer as suas demandas para encaminhá-las ao governo estadual, para que nos próximos quatro anos sejam feitas ações que contemplem os anseios dos  “litoralnortenses” – perdão pelo neologismo.  Estavam presentes o Prefeito de Osório, prefeitos e vice prefeitos dos diversos municípios da região, secretários, representantes dos quilombolas, das mulheres, da juventude, dos ciclistas, dos brigadianos, do povo. E estavam clamando por projetos, por olhares atenciosos do Estado para a região no sentido de investimentos perenes, de educação técnica, de universidade pública, de políticas permanentes para os jovens e para as mulheres. Pediram cultura. Pontos de cultura para o Litoral Norte, visando contemplar os sonhos dos cidadãos desta terra que ainda são capazes de se encantar com a dança, com o teatro, com o cinema, com a literatura, com o fazer cultural. Pediram ciclovias interligando os municípios para atraírem os turistas e para proporcionar atividades saudáveis à população litorânea e da encosta da serra do mar. Pediram saneamento básico para as cidades que ainda não o tem. Reclamaram da necessidade de regularização das terras para os quilombolas, visando ao direito de contraírem financiamentos dos programas sociais de casa própria.
Mas faltaram algumas pessoas. Muitas pessoas. Meus amigos acadêmicos, mestrandos, professores, aposentados, bancários, sindicalistas, representantes de diversos segmentos. Representantes de si mesmos.   Onde estavam, numa manhã ensolarada de outono?  Bem, eu espero que todos estivessem fazendo algo mais divertido, mais interessante do que propondo ações do governo para esta região. Mas eu senti a falta deles. E me perguntei: Cadê todo mundo?

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